segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Aparições

Por que a Igreja demora para aprovar as aparições de Nossa Senhora?


Essa é uma pergunta feita por Paulo Leandro, Lagoa da Canoa (AL), e apresento uma explicação detalhada do porquê isso ocorre.
Olá Paulo, tudo em paz? Obrigado por mandar sua pergunta. Vamos refletir um pouco sobre este assunto tão delicado que é o das aparições de Nossa Senhora. Começamos reconhecendo que a Igreja, ao longo dos séculos, aprendeu a respeitar aqueles e aquelas que, nas suas devoções particulares, expressaram de algum modo um relacionamento muito íntimo com a Mãe de Jesus.

Entretanto, como depositária da Fé Apostólica, a Igreja Católica segue com muita prudência os caminhos das devoções e, sabiamente, deixa que o tempo se encarregue de ajudar a elucidar as extraordinárias revelações marianas que o mundo presencia. É como se a Igreja dissesse o seguinte: “Não duvidamos que a Mãe de Jesus possa se manifestar pessoalmente a seus fiéis, mas também não achamos prudente dizer que Nossa Senhora esteja a todo momento revelando-se em aparições por aí afora”.
Pode acontecer, e já aconteceu, que supostas aparições marianas nada mais eram do que excessos psíquicos e imaturidades religiosas de alguns “doidos da fé”, e, nesse caso, a prudência da Igreja falou mais alto. Mesmo os Papas da Igreja são bastante prudentes em falar de aparições. Alguns preferem inclusive, com muitos teólogos, falar em visões de Nossa Senhora, ou seja, momentos de tão profunda pureza espiritual, que certas pessoas têm a sensação da presença da Mãe de Jesus e conseguem captar dela as boas mensagens para a vida de fé. Aliás, Paulo, outra pergunta que podemos fazer é a seguinte: Por que Nossa Senhora aparece para alguns videntes? Qual a novidade que ela pode nos trazer? Veja que, na maioria das supostas aparições da Mãe de Jesus, ela sempre pede a mesma coisa: rezar pelos pecadores, converter-se ao amor de Jesus, praticar a paz e a caridade. Ora, mas isso já não é coisa que sabemos? Isso já não é matéria do Evangelho de Jesus? Penso que Nossa Senhora, tão discreta nas Escrituras, não precisaria ficar aparecendo por aí para nos ensinar o óbvio. Pensando nisso é que a Igreja não chancela todo e qualquer alarde de aparição. Mesmo as mais tradicionais experiências de aparição, como Lurdes, Fátima e Guadalupe, são sempre analisadas pelo seu viés cristológico. Ou Cristo está no centro dessas experiências, ou elas podem ser somente êxtases devocionais.
No fundo, a Igreja já sabe o que é o essencial: a pregação do Evangelho, as verdades fundamentais da caridade e da fraternidade, o amor a Deus e ao próximo. Isso é a base do que Jesus ensinou e ensina diariamente em nossas liturgias e orações. Quando uma experiência mística, seja com Maria ou com santos e anjos, corroboram essas verdades, estamos no caminho certo. Quando elas se tornam exageradas, importantes em si mesmas, fora de padrão e geram apenas comoção exterior, essas experiências místicas se mostrarão humanas demais e descartáveis.
Assim, por sabedoria e por conhecer o espírito humano, a Igreja será sempre muito prudente em dizer algo sobre aparições, para não jogar luzes demais onde pode haver somente o desejo da vaidade humana. No mais, sempre quando rezo e penso em Deus e em Maria, de alguma forma, diante de mim, eles estão muito presentes!
Padre Evaldo César de Souza

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