quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Chegará um dia em que Deus lhe pedirá algo doloroso


Leia ouvindo Tudo Posso - Pe. Fabio de Melo.
Às vezes a vida nos surpreende com algumas coisas que simplesmente não estavam nos nossos planos iniciais. Nós temos a nossa segurança, nossas metas, e, de repente, algo acontece e nos tira dos trilhos. E como ficamos quando nós queremos tanto algo que chega a doer?
Como ficamos quando os nossos planos parecem tão melhores e mais seguros do que os de Deus?
Eu sempre tive muita dificuldade em aceitar o que Deus queria para mim. Às vezes fazer o que é certo machuca, às vezes temos que abrir mão de coisas que tanto achamos amar, às vezes precisamos seguir em frente e deixar para trás o nosso coração que tanto pede por uns arranhões.
É como uma vez, quando eu era criança, que andando descalça na rua uma formiga mordeu o meu dedão. Era uma daquelas formigas grandes, que grudam na pele e se recusam a soltar. Como a pessoa medrosa que sempre fui, me recusei a deixar que alguém tocasse na formiga presa ao meu dedo. Eu chorava desesperadamente e não aceitava que ninguém se aproximasse. Até que meu pai, que gozava de toda a minha confiança, se aproximou e, sem que eu percebesse, arrancou a formiga da minha pele. Eu não senti dor alguma e logo me vi aliviada. É mais ou menos o que acontece.
Como com Abraão, quando Deus pediu que este entregasse seu único filho, Isaque, em sacrifício. Com certeza aquilo machucou, com certeza ele pensou mais de uma vez, com certeza foi a coisa mais difícil que Abraão fez na vida. Mas ele confiou e aceitou o que Deus tinha para ele. E deu tudo certo no final.
Chegará o dia em que Deus te pedirá algo doloroso. Você vai repensar, vai afundar a cabeça no travesseiro e chorar, vai pedir a Ele formas de fugir daquilo.Sacrifício para ser sacrifício tem que sangrar. Como diria meu querido Ed Sheeran, loving can hurt sometimes. Amar às vezes pode doer. E o que a gente faz com o coração nessas horas?
Eu demorei a entender que abafar os gritos não era a solução. Mas sim, desabafar e desabar no nosso Deus. Ele sim nos explica e nos consola. E, então, puxa a formiga. Percebemos que resistíamos sem razão, que, embora tenha doído, era necessário arrancá-la. Era preciso cortar aquele pedaço de nós que só nos machucava.
Chegará o dia em que Deus te pedirá para abrir mão da sua segurança, dos seus planos, das suas paixões. Eu sei o quanto dói e sei o quanto é difícil dizer "sim". Mas fique em paz. Você foi criado por um Deus que te conhece muito mais do que você mesmo. Imagino como seria se eu tivesse me casado com o primeiro rapaz com o qual eu quis me casar e, por graça, Deus arrancou de mim. O quão infeliz eu estaria agora? Mal sei dizer. Mesmo reconhecendo isso, como é difícil quando Deus me pede para abrir mão das minhas paixões atuais. Mesmo sabendo que Ele é quem sabe o que é melhor para mim, tantas vezes me pego implorando a Ele para que a minha vontade prevaleça. E aí eu cedo e, depois de pouco tempo, me vejo agradecendo-o por não ter feito a minha vontade, mas a dEle.
Com os tropeços, começamos a aprender a confiar. Confiar que o Senhor só quer a nossa felicidade e salvação e, conhecendo-nos melhor do que nós mesmos, sabe qual o caminho certo para trilhar. Confiar que, embora esteja doendo agora, sabemos que o que é nosso Deus nunca vai nos tirar. Ao contrário, vai tornar-nos mais maduros para cuidar melhor dos presentes que Ele nos dá. Sabemos que ainda somos pequeninos e imaturos, mas Deus nos forma através dessas renúncias para fazer-nos mais fortes.
Agora repita comigo: Pai, eu aceito hoje os planos que tens para mim. Compreendo que muitas vezes minha carne pedirá coisas que não convêm à minha alma atender. Compreendo que tens o tempo certo de tudo e que preciso confiar em sua providência e misericórdia. Pai, sei que os Teus caminhos são melhores dos que os meus, e se me pedes algo, eu o darei. Como diria a querida Beata Chiara Luce, se tu queres, Jesus, eu também quero. Ajuda-me a viver corretamente minhas renúncias e assim caminhar contigo em direção ao Céu. Amém.

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