terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Moda com modéstia Parte II

Tudo que é bonito é para se mostrar

É evidente que a mulher católica que vive a modéstia, que acredita na virtude do pudor, não andará conforme modas mundanas, não usará decotes ousados, roupas coladíssimas ao corpo sem a necessária proteção, nem peças curtas demais. Todavia, o “ar” da roupa de uma mulher católica, não é diferente da sociedade em que vive.
Ela não adota um uniforme de uma comunidade separada – exceto se realmente for, como o caso das religiosas.

Sejamos realistas. Não somos anjos. Não somos puros espíritos. O homem se apaixona pela mulher primeiramente pela estética. A beleza do corpo não é determinante, mas conta muitos pontos. Isso não autoriza a que andemos seminuas por aí, exibindo decotes avantajados e vestimentas que salientem nossas curvas. Mas também não se deve confundir modéstia com vestes islâmicas radicais, coisa que parte de um pressuposto equivocado quanto ao corpo feminino e sua função inclusive na conquista rumo ao casamento. O homem é atraído pelo olhar. A modéstia deve proteger o olhar maldoso, não todo e qualquer olhar, até porque sem olhar o homem será atraído como por determinada mulher?

Evidentemente que não sou a favor da máxima de que o que é bonito é para se mostrar. O que é meu, bonito e íntimo mostro para meu marido, meu corpo é dele. Todavia, não penso que por causa disto deva andar coberta dos pés à cabeça, como as muçulmanas o fazem.

O exagero de alguns apóstolos da modéstia, condenando determinadas vestimentas de modo absoluto, sem levar em conta os tipos de corpos, os ambientes, a época, a cultura, as demais peças que compõem o look, demonstra uma compreensão pessimista da pessoa humana, que fere sua dignidade e parece ver em toda mulher um objeto obrigatório de pecado e em todo homem um tarado em potencial. É óbvio que se peca pelos olhos, que é possível ter tentações contra a castidade ao ver uma mulher seminua, que uma mulher imodesta concorre para o pecado do homem que a vê. Mas é preciso aplicar a modéstia às circunstâncias bem determinadas, e não afastar as pessoas umas das outras, pela repulsa ou pelo entendimento prático de que o corpo feminino seja pecaminoso por si só. A atração pelo corpo feminino é natural e, por isso, neutra: o pecado está no grau da atração e no que fazemos e pensamos com base nesse sentimento.

Uma alma realmente pura refletirá a pureza em todos os seus atos e também nas suas vestimentas. Preocupe-se com a sua vestimenta e faça com que ela agrade a Deus. Mas não inverta as prioridades e não faça do tema “modéstia” a única (ou quase) preocupação do seu dia, da sua direção espiritual, das suas conversas e dos interesses. E, sobretudo, não fique apontando quem é imodesta sempre que passar por uma. O risco é ficar só falando disso, já que a maioria das mulheres, mesmo as bem intencionadas e puras, não é formada suficientemente nessa virtude.

As mulheres não são imodestas por serem sem-vergonhas. São imodestas por estarem longe de Cristo ou não terem suficiente formação. Apontar o dedo, condenar e xingar não resolve. Tentar dar um manual de práticas modestas nas primeiras conversas também não. A virtude e a santidade, até nas roupas, é uma consequência do fiel seguimento de Jesus Cristo. Brilhe a tua luz diante das mulheres e faça a diferença pelo exemplo.

A mulher católica é chamada a mostrar ao mundo todo que a virtude do pudor não é desculpa para andar desleixada. Somos chamadas, como leigas no mundo, geralmente casadas ou em busca de matrimônio, a combinar não a breguice com a imodéstia, nem a atentar apenas para a elegância ou só para a modéstia. Nosso desafio é a elegância modesta. Modéstia não é desarranjo nas vestimentas. É possível conciliar a modéstia com a elegância, o pudor com a beleza dos trajes, ser casta e atraente.

Se der mais trabalho, isso lhe será ocasião de exercitar a disciplina e a mortificação.

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