terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Vejo Maria

Como vejo Maria
Eu vejo Maria ajoelhada à beira de sua cama, em oração profunda, meditante, disposta. O anjo se aproxima, avisa-a de que será ela a mãe do Salvador, daquele que tirará o pecado do mundo; vejo-a confundir-se, temer, mas, em momento algum vejo-a duvidar ou indispor-se. E eu vejo Maria responder um sim, em prontidão.
Eu vejo-a mais jovem que eu, aceitando uma missão que mudaria o destino de toda a humanidade, aceitando uma missão que eu não aceitaria, logo eu, que tanto me declaro filha, serva, pronta.
Eu vejo Maria visitando Isabel e sendo cumprimentada como bem-aventurada. Eu vejo Maria olhando José nos olhos e acreditando que era ele o homem capacitado para ajudá-la. Eu vejo-a lavando roupas e molhando os meios de suas saias, pois o ventre seguia crescendo. Vejo Maria deitada em sua cama, passando as mãos sobre sua barriga, e se perguntando por quais sofrimentos ambos, ela e Ele, passarão juntos. Eu vejo lágrimas caladas brotando em seus olhos tão juvenis, tão maternais, e já eternos. Eu vejo-a repetindo o sim todos os dias, em suas orações, em sua adoração. 
Eu vejo Maria em longa caminhada, com José. Vejo-a em cima de um burrinho, fiel e forte, que tanto a carregou - ah, que bênção se fôssemos mais como aquele burrinho!
Eu vejo Maria no momento do nascimento enquanto sua alma exultava: nascia o Messias, e, naquele momento e para todo o sempre, o Messias era seu amado bebê, que mamou em seu seio, dormiu em seus braços após o choro do primeiro respirar independente. Eu vejo Maria observar José ao seu lado, protetor e fiel, dali em diante, ela sabia, ele faria de tudo para auxiliá-la em sua jornada, mesmo sabendo que muitas dores seriam tão profundamente dela que ele jamais as alcançaria. 
Eu vejo Maria glorificar ao seu Deus, por ver que reis, pela primeira vez na história, vinham de longe, guiados pelos céus, para observar o sono de um recém-nascido numa manjedoura. Eu vejo Maria entender que seu menino seria, então, o Rei dos reis. Eu vejo-a acolher e guardar a Verdade. 
Vejo-a limpar seu filho, vejo-a cuidar de seus machucados, vejo-a temer a sua febre, vejo-a passar noites em claro de tanta preocupação com uma simples gripe. Vejo-a abraçá-lo, vejo-a observá-lo de longe, de perto, de todos os ângulos possíveis. Vejo-a desesperar-se e depois acalentar-se. Vejo-a amar e servir, com modéstia, fidelidade e extrema humildade. 
Vejo-a sentir saudade. Vejo-a chorar pela falta de notícias. Vejo-a sofrer com o derrame do sangue de seu amado menino, aquele pequeno bebê, agora Homem, coroado com espinhos, açoitado com chicotes, apenas por fazer aquilo que Seu Pai ordenou, por ser Aquele que Seu Pai enviou.  Vejo-a gritar a si mesma que era aquela a missão, e que ela nada podia fazer para impedi-Lo. 
Eu vejo-a ascender, imaculada. Terror para o mal, horror para o sujo, luz de Deus.
O dia se aproxima e eu vejo Maria.
E, por vê-la, eu vejo Jesus, meu único fim, Deus, Pai, Senhor e Rei.
Amém!

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