segunda-feira, 6 de novembro de 2017

A maior meta é a Santidade



No mundo do empreendedorismo existe um modo de realizar a integração dos trabalhadores com os objetivos da empresa que tem sido muito aplicado nos últimos anos: o sistema de metas. Obviamente que toda empresa sempre teve metas e que seria absurdo dizer que apenas há algum tempo as mesmas começaram a usar desta metodologia de trabalho. De fato. A questão é que ultimamente, o ambiente de trabalho tem mudado para atender às demandas da vida moderna, seja no que tange aos objetivos empresariais, seja no concernente às necessidades dos membros das diversas equipes que trabalham em uma mesma corporação. Hoje, mais do que nunca, o trabalho acontece através do conseguimento de metas estabelecidas, o que gera o desenvolvimento da empresa através da melhoria do produto oferecido. Hoje em dia, os funcionários de várias empresas não precisam se condicionar ao espaço físico do local de trabalho, podendo desenvolver o que for possível em casa, num parque, numa biblioteca, desde que as metas sejam atingidas. Esse modelo ganha cada vez mais adeptos e vem mostrando sua eficácia, claro, com alguns cuidados básicos para que o trabalho não se torne vida e vice-versa.
Mas, calma! Não estamos aqui para fazer workshop, mas para falar da nossa vida espiritual e do nosso crescimento na fé, e esta visão empresarial nos ajuda a lembrar de algo que tem se tornado fácil esquecer: nós, cristãos, temos uma meta. E não é uma meta qualquer, nem uma meta simples de atingir, mas algo sublime que nos é proposto e para o qual devemos tender com todas as nossas forças, se quisermos atingi-la. A meta da nossa vida é a santidade.
Nosso Senhor Jesus, refazendo-se ao que já Deus havia pedido ao seu povo de Israel, indica-nos a meta última da nossa vida, quando diz: “Sede santos, como o vosso Pai celeste é santo” (Mt 5, 48). Estas palavras são ditas no contexto do Sermão da Montanha, onde Jesus declara – qual novo Moisés – a Lei da Nova Aliança, fundada no amor a Deus e aos irmãos, e comprometida com a salvação de todo o mundo através da infinita misericórdia do Pai celeste. Somos, portanto, herdeiros de um chamado que vai além de nós mesmos e da nossa pequenez diante do universo e do próprio Deus: somos convocados a viver, cada dia de nossas vidas, a santidade, qual espelho da grandeza e da beleza incomensurável de Deus, e ser no mundo sinais vivos do seu amor. Que vocação sublime a nossa!
Tal vocação a recebemos no Batismo, que nos configura a Cristo Senhor, morto e ressuscitado. Neste sacramentos nos tornamos filhos de Deus, para realizar as obras de Deus no mundo por ele criado e tanto ameaçado pelo mal e pelas trevas. A tal obrigação não nos podemos subtrair, nem mesmo por um dia, pois trazemos em nós uma graça imensa de santificação, podendo fazê-la transparecer e transbordar, gerando nova esperanças aos corações desesperados; nova fé nos corações incrédulos; nova alegria nos corações tristes; novo amor nos corações feridos. Sendo sinceros, podemos dizer que uma tal vocação, uma tal meta, é mais preciosa ao mundo que os produtos que as empresas, com tanta disciplina produzem. Mas se quisermos ser bem sinceros, devemos também dizer que a nossa meta, muitas vezes, não é buscada com tanto afinco e disciplina quanto os produtos e serviços das empresas são gerados.
A vida do homem e da mulher do nosso tempo é marcada por várias possibilidades, diversos tipos de profissões, de estilos de vida, de realizações. Nunca foi tão simples viajar e conhecer muitas culturas, formas de vida, modelos de sociedade. Nunca o patrimônio cultural do mundo e da humanidade estiveram tão próximos de tantas pessoas. Isso é ótimo. Contudo, deve ser dito que nada pode nos distrair daquilo que é o essencial e o mais importante. A nossa vocação primeira é aquela de dar frutos. E o fruto mais excelente que podemos produzir é a santidade, verdadeiro sinal da presença de Deus no coração de alguém que aprendeu a amá-lo de todo o coração, e a amar os irmãos com uma amor grande como o do Pai celeste. Eis a nossa meta. Não cabe a nós esquecermos deste chamado, pois o mundo precisa da santidade dos filhos de Deus para se recordar sempre do seu amor. Assim foram e são os santos: sinais vivos, ao longo dos séculos, do amor e da beleza de Deus.
São Paulo, sobre sua busca pessoal pela meta final da vida de todo cristão escreve: “Não pretendo dizer que já alcancei esta meta e que cheguei à perfeição. Não. Mas eu me empenho em conquistá-la, uma vez que também eu fui conquistado por Jesus Cristo. Consciente de não tê-la ainda conquistado, só procuro isto: prescindindo do passado e atirando-me ao que resta para a frente, persigo o alvo, rumo ao prêmio celeste, ao qual Deus nos chama, em Jesus Cristo” (Fl 3, 12-14). Não poderíamos pretender uma indicação mais clara do que devemos fazer. Cientes de que nossa batalha pela santidade é algo para toda a vida, prescindimos do que já nos ocorreu no caminho, sejam nossos pecados passados, sejam nossas fraquezas presentes, atirando-nos para a frente, em busca do conseguimento da santidade de Deus em nós.
Como tudo na vida, também a santidade tem um “por quê”, isto é, uma razão de existir e de ser buscada com tanto afinco. São Paulo nos esclareceu que apenas o sentir-se amado e alcançado por Jesus, sustenta a luta pela conquista da meta da santidade. Por ele fomos conquistados um dia, resta-nos agora continuar buscando a vida que ele nos concede, para assim o conquistarmos definitivamente, para toda a eternidade.
“Contudo, seja qual for o grau a que chegamos, importa prosseguirmos decididamente” (Fl 3, 16).

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