segunda-feira, 31 de outubro de 2016

A necessidade da Santa Escravidão

A necessidade e a urgência da propagação da Total Consagração a Santíssima.

Por; Padre Rodrigo Maria

Amados irmãos e irmãs, todos estamos unidos no amor de Cristo e queremos que Deus seja glorificado e que todos os seus filhos se salvem. Cada qual, de acordo com as suas forças e com o estado de vida inspirado por Deus, tem contribuído para a realização desses desígnios celestes. Nós desejamos e trabalhamos para que Jesus reine no mundo e para que todos se salvem. É preciso, porém, estarmos atentos à vontade de Deus e a sua pedagogia.
Diz São Luís Grignion de Montfort na introdução do Tratado da Verdadeira Devoção: “Foi por meio da Santíssima Virgem que Jesus Cristo veio ao mundo e por meio dela que Ele deve reinar no mundo (T.V.D. 1)”. É, portanto, sabido por todos, que Jesus Cristo vai reinar no mundo e que o “Reinado de Maria” vai ser o meio pelo qual se dará o “Reinado de Jesus”.
Em Fátima, a Santíssima Virgem confirma a profecia de São Luís quando diz “Por fim meu Imaculado Coração triunfará”, e nos indica o meio que a Providência Divina estabeleceu para que aconteça este Triunfo: “Meu filho quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração”. É justamente aqui onde devemos estar atentos, pois a devoção que Jesus quer que se estabeleça ao Imaculado Coração de sua Mãe Santíssima não é qualquer devoção, mas a perfeita devoção, a Total Consagração ou Santa Escravidão de Amor, tal como ensina São Luís Grignion de Montfort; que elucidando a profecia de Fátima diz: Esse tempo (do Triunfo-Reinado de Maria) chegará quando se conhecer e praticar a devoção que eu ensino (T.V.D.217).
Os desígnios de Deus são claros e simples: O Reino de Cristo se estabelecerá pelo Reino de Maria e o Reino de Maria, pela propagação da Total Consagração a Santíssima Virgem ou Escravidão de Amor ensinada por São Luís de Montfort no Tratado da Verdadeira Devoção. Daí se compreende a razão que levou o demônio a ter tanto ódio deste pequeno livro (o Tratado da Verdadeira Devoção) e a escondê-lo durante 130 anos (1712-1842). O inimigo infernal queria (e quer) estabelecer o seu reino diabólico e impedir o Triunfo-Reinado da Santíssima Virgem e, assim, o Reinado de Jesus. Sendo assim, urgente e necessário que todos (independentemente de grupos, movimentos e comunidades que participem) conheçam, façam, vivam e propaguem a Total Consagração a Nossa Senhora, pois esta Total Consagração é patrimônio da Igreja Católica, não atrapalhando a vivência de nenhum carisma particular, ao contrário, quando alguém se consagra totalmente a Nossa Senhora, Ela mesma leva a pessoa a viver com mais intensidade e fidelidade o seu próprio carisma.
A Total Consagração consiste numa total entrega de si mesmo a Nossa Senhora com tudo que se tem, possui ou se possa possuir, na ordem da natureza, da graça e depois da glória. A missão que Jesus deu a Nossa Senhora foi a de formar verdadeiros adoradores de Deus. Pela Total Consagração, nós acolhemos Maria em nossa casa e ela nos acolhe na escola do seu Imaculado Coração, onde aprendemos o verdadeiro amor a Deus e ao próximo, bem como as demais virtudes que farão de nós verdadeiros cristãos. Fazer a Total Consagração é dar o nosso sim a Jesus que nos deu Maria por Mãe, Mestra e Formadora.
Irmãos, não sejamos indiferentes à vontade de Deus, façamos tudo o que estiver ao nosso alcance para propagarmos a Santa Escravidão de Amor ensinada por São Luís. Não deixemos que o demônio continue a esconder de nós e dos outros esta doutrina celeste. Nestes últimos tempos em que se intensifica a batalha espiritual entre a Santíssima Virgem e o inimigo, sejamos apóstolos da Total Consagração para que venha logo o Triunfo de Maria e o Reinado de Jesus.
“Quando virá esse tempo feliz em que Maria será estabelecida Senhora e Soberana dos corações, para submetê-los plenamente ao império de seu grande e único Jesus? Quando chegará o dia em que as almas respirarão Maria, como o corpo respira o ar? Então, coisas maravilhosas acontecerão neste nosso mundo, onde o Espírito Santo, encontrando sua querida Esposa como que reproduzida nas almas, a elas descerá abundantemente, enchendo-as de seus dons, particularmente do dom da sabedoria, a fim de operar maravilhas de graça. Meu caro irmão, quando chegará esse tempo feliz, esse século de Maria, em que inúmeras almas escolhidas, perdendo-se no abismo de seu interior, se tornarão cópias vivas de Maria, para amar e glorificar a Cristo? Esse tempo só chegará quando se conhecer e praticar a devoção que ensino:“Ut adveniat regnum tuum, adveniat regnum Mariae”. (T.V.D.n.217).

http://www.padrerodrigomaria.com.br/necessidade-e-urgencia-da-propagacao-da-total-consagracao-a-santissima-virgem

Vocação

VOCAÇÃO

Por; Ricardo Rodrigues de Maria

O melhor texto sobre vocação que já li foi um trecho do livro "Till have faces" (a tradução seria algo como "Até que tenhamos rostos"), escrito pelo C.S. Lewis.

Neste livro, o autor faz uma releitura do mito grego de Eros e Psiquê, mudando um pouco a história, mas sem perder a essência dela, que continua a mesma:

Senta que lá vem história!

ONCE UPON A TIME...Era uma vez, um rei. Uma de suas filhas não era muito bonita, então, não teve outra opção a não ser enveredar pelos estudos kkk, e pela solidão. Já Psiquê, ao contrário, era a mais bela de todas. Todos os homens a admiravam e vinham de longe para vê-la. Mas, por tamanha beleza, todos tinham medo de "chegar nela", pois todos julgavam que ela era "muita areia para o caminhãozinho deles". E nada dela se casar. O rei já estava ficando preocupado em ver que Psiquê, tão bela, não se casava. E, então, mandou um de seus criados ao Oráculo para saber se sua filha Psiquê iria se casar. O criado então foi ao Oráculo e voltou com a resposta, dizendo ao rei que o Oráculo profetizou que Psiquê deveria se casar com um monstro e que ela não deveria jamais ver o rosto deste, e que, além disso, se ela não se casasse com aquele monstro, todo o reino seria destruído. O rei, que amava muito sua filha, ficou muito triste, mas foi contar isso para sua filha Psiquê. Ele explicou a situação para ela: que ela deveria se casar com um monstro para que o reino não fosse arruinado. Mas ele disse que entenderia se ela não aceitasse se casar com o monstro e que sempre respeita a liberdade da filha. Psiquê fica com muito medo, e pensativa. Depois de um tempo pensando bem, ela decidiu salvar o reino e diz ao seu pai que, mesmo a contragosto, se casará com o monstro, para salvar aos demais. Então o reino inteiro fez uma festa de casamento para Psiquê, e a acompanhou até o alto de um monte, onde o monstro a encontraria. Depois que a deixaram lá, todos voltaram tristes, pois sabiam que ela se casaria com um monstro e nunca mais a veriam. Psiquê, sozinha no alto do monte, chorava desolada, esperando o monstro aparecer. Ela sabia que todos os sonhos que ela tinha seriam deixados de lado. Chorando, ela adormeceu e, quando acordou, estava na frente de um maravilhoso castelo, o mais belo que ela já viu, e ela decidiu entrar no castelo. Lá dentro, ela encontra uma sala com uma mesa cheia de diferentes alimentos e bebidas. E ela senta-se na cadeira. E, então, ela percebe que as coisas parecem estar se mexendo sozinhas, sem ninguém, e, como que vivas, vê que os objetos começam a servi-la: a cadeira a coloca mais para perto da mesa; o prato se coloca na frente dela; a comida entra no prato; a bebida entra no copo... E ela começa a sua refeição, admirada em ver que todas as coisas parecem servi-la sozinhas, pois não vê ninguém ali além dela. E a tristeza que sentia antes fica para trás; ela começa a sentir alegria. Ela não via seu marido, nem via os seres invisíveis que a faziam tudo por ela. Mas com o tempo ela se acostumou a essa nova vida e, quanto mais ela aceitava a sua nova vida, mais feliz ela se sentia, e mais amada se sentia por seu marido, que era o melhor marido que alguém poderia ter, uma vez que seu marido era, na verdade, não um monstro, mas sim um Deus, o Amor.

Depois de um tempo, Psiquê estava pensando em sua irmã e em seu pai e queria voltar a vê-los e, insistindo para seu marido, este a deixou voltar. Ela então volta para sua casa. Sua irmã, ao ver Psiquê, fica espantada, ao ver que Psiquê está bem e feliz. Psiquê explica que as coisas acontecem como que naturalmente e competem para o bem dela e que seu marido é muito amoroso, mas a irmã não consegue compreendê-la e pergunta para Psiquê: "Como você consegue viver sem ver seu marido?" e convence Psiquê a dar um jeito de ver como é, de fato, seu marido a fim de ter certeza de se ele é real. Psiquê então volta para casa de seu marido e, depois de ascender uma vela, se aproxima da cama de seu marido, que estava dormindo. Ela fica totalmente extasiada e encantada pela beleza estonteante do marido oculto. Eros, seu marido, tinha pedido para que a esposa não o visse, para que ela o amasse pelo que "é" e não "pela sua beleza". Psiquê ficou tão deslumbrada pela visão do esposo que não percebeu que uma gota da cera da vela pinga no peito do amado e o acorda assustado. Ele, ao ver que ela tinha quebrado a promessa, a abandona. Sozinha e infeliz, Psiquê começou a vagar pelo mundo. Passando, assim, por vários desafios e sofrimentos impostos por Afrodite, mãe de Eros, como uma vingança por ela ter ferido o seu filho. A jovem luta  tentando recuperar o seu amor, mas acaba caindo num sono profundo. Ao vê-la tão triste e arrependida, Eros, que também sofria com a ausência da amada, implorou a Zeus que tivesse misericórdia deles. Com a concessão de Zeus, Eros usou uma de suas flechas, despertando a amada, transformando-a numa imortal, levando-a para o Olimpo. A partir daí, Eros e Psiquê nunca mais se separaram. O mito de Eros (o amor) e Psiquê (a alma) retrata a união entre o Amor e a alma. Em grego "psiquê" significa tanto "borboleta" como "alma". Uma alegoria à imortalidade da alma simboliza também a alma humana que, depois de ter passado por provações e por sofrimentos, acaba recebendo, como prêmio, o verdadeiro amor, que é eterno.

Gostou da história?
Talvez você ainda não tenha conseguido entender qual a relação dessa história com a vocação. Aqui vão algumas dicas:

Muitas vezes, as pessoas nos dizem que se dissermos sim á nossa vocação, estaremos nos casando com um monstro: que seremos infelizes. Nós mesmos pensamos que seremos infelizes, que, depois que dissermos sim, todos nossos planos, nossos sonhos ficarão para trás. Ficamos com medo de dizer sim. Procuramos desculpas. Mas, por outro lado, sabemos que precisamos dizer sim á ao chamado de Deus, porque disso depende não só a nossa salvação, mas a salvação de outras pessoas. Deus respeita nossa liberdade. Quando percebemos que o melhor a fazer é morrer para si mesmos e viver para Deus e os demais, dizemos sim a Deus, mesmo achando que não seremos tão felizes assim. “A fé é um salto no escuro”. É como uma pessoa que está no alto de um prédio em chamas e precisa pular. Ela não vê a cama elástica que está lá em baixo segurada pelos bombeiros. Ela só vê fumaça. Mas ela precisa confiar que vai dar tudo certo e que os bombeiros a pegarão. Antes de pular, dá medo, dá um frio na barriga. Mas, depois que a alma diz “sim”, ela começa a vislumbrar a beleza das coisas que Deus preparou para ela. Mesmo sem vermos os seres invisíveis que nos ajudam – como os anjos, a ajuda dos santos, de Maria – vemos que as coisas começam a dar certo! “As coisas competem para o bem daqueles que amam a Deus”, nos diz a Bíblia. E, quanto mais aceitamos a vontade de Deus, mais felicidade temos. As pessoas do mundo (a irmã de Psiquê) não conseguem compreender nossa felicidade ao termos dito sim á nossa vocação. Quanto mais amor deixamos Deus nos dar, mais Deus enche nossa alma com Seu sublime amor. “A fé é apalpar no escuro”. Não vemos tudo, não entendemos tudo. Mas devemos confiar em Deus. Confiança em Deus demonstra amor a Deus. Mas...se não confiamos, se queremos ver de fato, ter certeza, corremos o grande risco de perder a fé e perder Deus de vista. Se começamos a duvidar da nossa vocação, corremos o risco de abandoná-la e, assim, sermos infelizes. Mas Deus sempre está de braços abertos a nos esperar, como o Pai na parábola do filho pródigo. E, se voltarmos a Deus, viveremos junto com Ele para sempre. As dificuldades virão. Mas a alma que enfrenta-las com confiança e amor em Deus, receberá, como prêmio, a felicidade nesta vida e, mais ainda, a felicidade perpétua, a vida eterna. “Deus é Amor”. “O” Amor.

Espero que tenha gostado da história ;)

São José Maria Escrivá

Forja 661: Se procuras Maria, encontrarás “necessariamente” Jesus, e aprenderás - sempre com maior profundidade - o que há no Coração de Deus.

Viver é Cristo, Morrer é Ganho

"VIVER É CRISTO; MORRER É GANHO"
Padre Everton Vicente de Barros-CCPV

"Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã a morte corporal, à qual nenhum homem vivo pode escapar. Ai daqueles que morrem em pecado mortal: Bem-aventurados os que ela encontrar a cumprir as tuas santíssimas vontades, porque a segunda morte não lhes fará mal".(São Francisco de Assis, Cântico das criaturas)


Tal retorno para Deus, não é um desejo apenas do Criador, mas constitui também o maior anelo do ser humano, ainda que este não o reconheça como tal ou o despreze por não entendê-lo. Lemos na sabedoria de Israel que nos transmitiu o tesouro de suas belas orações um canto que mostra este premente desejo de Deus quando canta "Assim como a corça suspira pelas águas correntes, suspira igualmente minha alma por vós, ó meu Deus! Minha alma tem sede de Deus e deseja o Deus vivo. Quando terei a alegria de ver a face de Deus" (Sl 41, 2-3). Ao que podemos ouvir responder o anjo que acompanha São João em sua visão do céu no Apocalipse, falando dos que são salvos pelo Cordeiro: "Verão a sua face e o seu nome estará sobre suas frontes" (Ap 22, 4). Tal visão identifica-se com o maior de todos os desejos que o homem pode cultivar em sua alma, tornando qualquer realidade, ainda que dolorosa, algo perfeitamente superável, desde que se consiga chegar a esta felicidade sem limites que é contemplar a Deus no céu. "Quero ver a Deus, e para vê-lo é preciso morrer" (Santa Teresa de Jesus, Poesia l)

Poucas realidades fazem parte da vida quanto a morte. Esta constitui uma das maiores certezas da existência humana, ponto final das experiências vividas nesta terra e última realidade corporal vivenciada pelos homens. Diz Santo Afonso de Ligório: "Vê como corre o regato para o mar; suas águas não retrocedem; assim, meu irmão, passam teus dias e cada vez mais te acercas da morte" (Preparação para a morte, 3). Muitos podem ter a pretenção de uma vida longa e sem limites, mas ninguém pode negar o fato de que a vida tem como consequência a morte. Diante de tal realidade da qual não se pode fingir a inexistência, a doutrina da Igreja, moldada pela Revelação em Cristo e pela luz irradiada pela Sagrada Escritura, conforta os corações dos fiéis e os estimula a viver esta vida de forma grandiosa, compreendendo sua finitude mas dando-lhe a fortaleza que o tesouro da fé pode conferir. Ensina-nos o Catecismo da Igreja Católica "Na morte, Deus chama o homem a Si. É por isso que o cristão pode experimentar, em relação à morte, um desejo semelhante ao de S. Paulo: 'Desejaria partir e estar com Cristo' (Fl 1, 23). E pode transformar a sua própria morte num ato de obediência e amor para com o Pai, a exemplo de Cristo" (§1011). Vista desta maneira, a morte corporal não se torna mais um desfeicho cruel e triste da vida humana mas a maior e mais importante de todas as jornadas, aquela que conduz o homem criado à imagem e semelhança de Deus ao seio de seu Criador para contempla-lo face a face por toda a eternidade.
TEXTO COMPLETO NO LINK ABAIXO

Copo cheio, coração vazio

"COPO CHEIO, CORAÇÃO VAZIO"
“copo cheio e coração vazio” é uma metáfora para dizer que há quem procura encher-se de coisas a fim de adiar um encontro consigo mesmo.

Por Higor Brito

Estava numa festa com amigos e, dentre tantas músicas que tocavam, ouvi uma cujo refrão dizia: “De copo sempre cheio e coração vazio, ‘tô’ me tornando um cara solitário e frio”. Até então, nada fora do comum; uma música amplamente conhecida no cenário nacional como tantas outras que haviam tocado e outas que viriam a tocar. Contudo, num posterior momento de observação, pude notar o quanto aquela letra era cantada com propriedade pelas pessoas que ali estavam, inclusive por mim, talvez pelo grande sucesso que a referida música tem feito atualmente. Mas será que é só isso?
Analisando com um pouco mais de profundidade, não é difícil concluir que, em alguns aspectos, essa música reflete a realidade de muitos que, de fato, encontram-se de “copo cheio e coração vazio”. Não quero, entretanto, reduzir tal reflexão a uma questão meramente afetivo-emocional, como sugere a canção, seria muito pouco diante do que realmente podemos questionar.
Para início de conversa, por meio da metáfora do “copo cheio”, gostaria de fazer alusão a tudo o que toma nosso tempo, nossa energia, emoção e atenção, “esvaziando nosso coração”. Agendas, cabeças e vidas cheias, e por que não o “copo cheio” literalmente? Muitos problemas, compromissos, projetos, promessas, desilusões e expectativas acabam por nos tomar de quem realmente somos. O barulho e tamanha movimentação de uma vida cheia são um ótimo esconderijo para quem foge do encontro consigo; daí, torna-se comum encher-se de coisas, a fim de adiar esse encontro. Ostentam-se rotinas agitadas, vidas sociais badaladas, luxo, baladas, currículos, influência, corpos esculturais e notoriedade; mas e o coração, como está? Essa é a questão! Quem é e como está a pessoa por trás de tudo isso?
Gente que erra mas não é um erro
A sacralidade do corpo
Em tempos de total exposição de nossas vidas nas diversas redes sociais, nas quais fazemos nada mais nada menos que uma autopromoção de nossas personas, questiono-me: Somos quem e o que ostentamos? Parafraseando Antonie de Sain-Exupéry em ‘O Pequeno Príncipe’, que diz “o essencial é invisível aos olhos”, levanto a questão: O que nos é essencial? O que determina, de fato, a essência do que somos? O que apresentamos: nossa verdade ou uma personagem de fácil aceitação geral?
Na condição de filhos de Deus, somos criados à imagem e semelhança do Amor e para Ele vivemos. Em Sua busca nos encontramos desde o momento em que nos entendemos por gente. Cada um buscando da sua forma, com o seu jeito, usando do livre-arbítrio a nós concedido para alcançar essa meta, o que me leva à conclusão de que nosso coração se preenche à medida que nos aproximamos daqueles nos “devolvem” a nós mesmos e, consequentemente, aproximam-nos de Deus.
Na minha opinião, a verdadeira ostentação é ter ao nosso lado pessoas que nos aceitam, acolhem e amam por quem somos de fato, que marcam presença nas tempestades, quando o “copo” está quase transbordando; pessoas que, mesmo diante de nossos defeitos, preenchem nosso coração e nossa vida. A verdadeira ostentação é ter ao nosso lado alguém que nos conduz a Deus.

Evangelho do Dia

Evangelho - Lc 14,12-14

† Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 14,12-14 Naquele tempo: 
12 E disse também a quem o tinha convidado: 
'Quando tu deres um almoço ou um jantar, 
não convides teus amigos, nem teus irmãos, 
nem teus parentes, nem teus vizinhos ricos. 
Pois estes poderiam também convidar-te 
e isto já seria a tua recompensa. 
13 Pelo contrário, quando deres uma festa, 
convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. 
14 Então tu serás feliz! 
Porque eles não te podem retribuir. 
Tu receberás a recompensa na ressurreição dos justos.' 
Palavra da Salvação. 

Santo Padre

Papa: o olhar de Jesus vai além de pecados e preconceitos.

“O olhar de Jesus vai além dos pecados e dos preconceitos”: foi o que disse o Papa na manhã deste domingo, ao rezar com os fiéis na Praça S. Pedro a oração mariana do Angelus.
Em sua alocução, Francisco comentou o Evangelho do dia, que narra o encontro de Jesus com Zaqueu em Jericó. Zaqueu era um rico cobrador de impostos, colaborador dos ocupantes romanos e, portanto, um explorador de seu povo. Ao chegar a Jericó, também Zaqueu queria ver Jesus, mas a sua condição de pecador público não lhe permitia se aproximar do mestre; além do mais, era pequeno de estatura; por isso sobe numa figueira para esperar Jesus passar.
Necessidade de conversão
Quando chega perto da árvore, Jesus ordena que Zaqueu desça, porque deve ficar em sua casa. No desenho de salvação da misericórdia do Pai, explicou o Papa, há também a salvação de Zaqueu, um homem desonesto e desprezado por todos, e por isso necessitado de conversão. De fato, o Evangelho diz que, quando Jesus o chamou, todos começaram a murmurar, dizendo: ‘Ele foi hospedar-se na casa de um pecador!’.
“Se Jesus tivesse dito: ‘Desça você, explorador, traidor do povo, e venha falar comigo para fazer as contas’, certamente o povo teria aplaudido”, comentou Francisco. Mas Jesus, guiado pela misericórdia, buscava justamente Zaqueu.
Jesus não se detém nas aparências, mas olha para o coração
“O olhar de Jesus vai além dos pecados e dos preconceitos”, repetiu duas vezes o Papa. Jesus vê a pessoa com os olhos de Deus, que não se detém no mal passado, mas entrevê o bem futuro; não se resigna aos fechamentos, mas sempre abre novos espaços de vida; não se detém nas aparências, mas olha para o coração.” Jesus olhou o coração ferido de Zaqueu e foi ali.
Às vezes, prosseguiu, nós buscamos corrigir ou converter um pecador repreendendo-o, reforçando seus erros e o seu comportamento injusto. A atitude de Jesus com Zaqueu nos indica outro caminho: de mostrar a quem erra o seu valor, aquele valor que Deus continua vendo não obstante tudo. “Assim se comporta Deus conosco: não fica preso no nosso pecado, mas o supera com o amor e nos faz sentir a saudade do bem. Todos sentimos esta saudade do bem depois de um erro. Não existe uma pessoa que não tenha algo de bom”, disse o Pontífice, que concluiu:
“Que a Virgem Maria nos ajude a ver o bem que existe nas pessoas que encontramos todos os dias. O nosso Deus é o Deus das surpresas!”